sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Call Me By Your Name


Olá!
Esta semana estreou o filme Call Me By Your Name e eu tive a sorte de ganhar bilhetes para a antestreia aqui no Porto.
Claro que tinha de vos vir contar a minha opinião deste que é um filme que tem arrecadado algumas nomeações em várias entregas de prémios e que, de certeza, vai ter mais algumas nos Oscars.


Call Me By Your Name, realizado por Luca Guadagnino, tem como base da história a ida de Oliver (Armie Hammer), um americano de 24 anos, para a casa de férias de um professor (Michael Stuhlbarg) que todos os verões escolhe alguém a quem dar assistência no desenvolvimento de trabalhos e escrita de livros, mas que também o possa ajudar nas suas descobertas, sendo que a sua área é a Arqueologia e a História da Arte.
Elio (Timothée Chalamet) é o filho de 17 anos do professor e aproveita estas semanas de férias em Itália para ler, estudar música, ir para o rio com os amigos que conheceu em anos anteriores, sair à noite e coisas que tais. Para ele, a ideia de ter um desconhecido em casa não é nova, mas também não é a que ele mais gosta, pois implica ter de emprestar o seu quarto. Daí, a relação com Oliver não começa da melhor forma, principalmente quando Elio percebe como a aparência e sociabilidade de Oliver são admiradas por todos.

Este é muito mais do que um filme sobre a descoberta da própria sexualidade, mas sim sobre a descoberta do primeiro amor, de sentir o que nunca esteve ali anteriormente e perceber como lidar com isso e como falar sobre tal. É um filme sobre não nos sentirmos mal com aquilo que somos, do que gostamos ou do que fazemos, pois é isso que nos define e nos vai diferenciando dos outros.
Podemos inserir este filme em tantas categorias, com actores que se entregam de corpo e alma às suas personagens, sendo que Elio e Oliver têm uma grande carga emocional, que tanto se pode traduzir em drama, tragédia e até mesmo comédia.
Há a ligação à Arqueologia e à História da Arte, que se torna importante, pois é o que leva Oliver a decidir ir para Itália. E nada melhor do que fazer isso com o fundo de um país onde há tanto por descobrir. A escultura romana e helénica quase se traduz nas personagens, sendo que às vezes parecem idealizadas, quase que parecem fugir do real e com aspecto divino. Estas características são também visíveis na relação de Elio e Oliver, pois a forma como eles avançam e lidam com tudo não é algo que estejamos habituados a ver no cinema ou até mesmo na vida real.


Sem dúvida que é um filme que consegue tocar em toda a gente de tão bonito, significativo e importante que é. A filmagem é magnífica, sendo que tanto se foca num ponto ou decide acompanhar as personagens e as suas acções. Há vários desfoques, a partir de movimentos das personagens, que fazem sentido e que ligam muito bem com a escolha de não mostrar ao pormenor todas as acções mais específicas. Os detalhes mais pequenos podem ser observados de fundo, porque o que interessa ver e absorver são os sentimentos que dão lugar a cada uma das acções e momentos ou que deles advêm.
A variação da música, a paragem repentina desta e a mudança entre tons e temas também repentinos inserem-se que nem uma luva na filmagem e na história. Seja a música incrível de Sufjan Stevens ou os momentos em que Elio toca piano e que se prolongam para muito além da cena.
A mostra da paisagem e dos elementos arquitectónicos e artísticos acabam sempre por fazer parte da cena anterior ou por dar início a uma nova acção. Tudo é captado de forma brilhante e sem dúvida que não incomoda que tais coisas nos sejam mostradas.
As cores, a música de fundo, as paisagens e pequenos detalhes, os factos históricos, o guarda-roupa, o facto de várias personagens saberem mais do que uma língua...tudo faz com que este filme, com acção em 1983, pareça verdadeiramente autêntico e ajuda-nos a sentir tudo o que as personagens sentem.
Nota-se perfeitamente a influência do cinema italiano e que bom que é ter um filme europeu com uma história destas a colocar-se ao lado dos americanos.

Foi o primeiro filme que vi no cinema este ano e não podia ter começado de melhor forma.
A descoberta do nosso eu, da nossa identidade, do primeiro amor e de como lidar com ele quando desaparece. Sem dúvida que, neste último ponto, o pai de Elio tem uma das melhores frases de sempre, que aconchegam o coração e que acaba por dar um grande uma carga emocional ainda maior ao filme e à história.
O filme é baseado num romance de André Aciman, e fiquei com imensa vontade de o ler e perceber o quão próximo o filme está.


É preciso ter tempo para descobrir o que há, para sentir, para desfrutar, mas também para deixar ir.


Já foram ver este filme? O que acharam?


Lena ♥





© Helena Pereira, Call Me By Your Name, 2018 All Rights Reserved.

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