quarta-feira, 14 de março de 2018

Final Portrait


Olá!
Bem, depois de tantos posts relacionados com o mundo cinematográfico e depois de uma pausa de uns dias, não tinha em mente trazer-vos mais um post sobre cinema assim tão rápido, mas pronto, cá estamos.
Ganhei um bilhete duplo para ver Final Portrait, um filme que queria muito ver e fiquei extremamente feliz por ter esta oportunidade, se bem que iria, certamente, vê-lo mesmo não tendo ganho os bilhetes.


Final Portrait remete-nos para Paris em 1964, altura na qual James Lord (Armie Hammer), um escritor e crítico de arte americano, está de visita para ver a mais recente exposição de Alberto Giacometti (Geoffrey Rush), um artista plástico suíço-italiano que se movimentou pelo campo do Expressionismo.
Giacometti, que nasceu em 1901 e faleceu em 1966, marcou a era da arte moderna com as suas esculturas de figuras alongadas, mas também trabalhava em pintura e aguarela. Foi um artista de grande sucesso mas, como muitos, achava sempre que cada um dos seus trabalhos não estava concluído, mesmo quando vendia as obras ou as apresentava em exposições.
É mesmo isso que este filme nos mostra. Giacometti convida Lord para posar para um retrato e com o passar do filme podemos ver como o artista tinha várias dúvidas e hesitações em relação ao que produzia, e como uma sessão que alegou durar apenas uma tarde durou bem mais que isso.


Portanto, este é filme baseado numa história verídica, bem como no livro que Lord escreveu sobre esta experiência que teve de posar para Giacometti. 
Final Portrait é um filme brilhante, sobre uma mente brilhante. É pequeno, tendo em conta os filmes que se fazem hoje em dia, mas com todos os detalhes que precisámos para perceber os dias que estes dois homens partilharam.
A câmara tanto assume uma posição parada, como acompanha os actores de forma mais balançada, mas que faz todo o sentido e se conjuga com os movimentos que são assumidos tanto pelos actores já mencionados, como pelos objectos. 
A captação do detalhe é absolutamente incrível. Existem vários momentos de close-up, que nos mostram pormenorizadamente os movimentos dos pincéis, das mãos no gesso, dos carinhos entre personagens e da tensão de James Lord/Armie Hammer enquanto posa.
Em 1964, ainda tudo era a preto e branco e este filme tem muito isso. Embora seja filmado a cores, há vários momentos que parecem completamente sem cor, pois as cores são suaves e desvanecidas. Oportunamente, existem elementos com cores mais vivas, como cor-de-rosas, amarelos e vermelhos, usados em momentos com maior importância ou que vão ter influência em comportamentos posteriores.

Geoffrey Rush tem uma prestação brilhante. Consegue ser excêntrico, divertido e fazer com sintamos pena dele e ao mesmo tempo que nos sintamos irritados com a sua forma de ser e as suas atitudes. Interpretar um homem sem pudor, que fuma a cada segundo, que tem a vida mais activa, que trabalha sem parar, pois todos os pormenores supostamente errados lhe saltam aos olhos enquanto passa, e que se tem numa grande consideração, embora não o perceba e tenha imensas dúvidas quanto ao que produz, não é para todos e Rush conseguiu dar-nos tudo isso. Para além de que é também bastante parecido com o próprio Giacometti.
Armie Hammer assume o papel do narrador que nos introduz aos acontecimentos e que nos faz uma conclusão, com breves narrações pelo meio do filme, que nos servem como contextualização para algumas das imagens que se seguem, fazendo com que tudo não seja mostrado visualmente. Desta forma temos o visual, aliado a Giacometti, e a narração, aliada a James Lord. Hammer mostra-nos a tensão, o cansaço e a quase frustração de posar para o artista, conseguimos perceber tudo pela sua linguagem corporal, que muitas vezes nos é mostrada em modo close-up



Mesmo que não sejam muito conhecedores do mundo da Arte ou não tenham grande interesse em tal, acho que devem apostar em ver este filme. É um momento completamente expressivo, carregado de excentricidade, alguma comédia, bem como uma forma de conhecerem Alberto Giacometti e algumas das características do século XX em Paris. 


Lena ♥




© Helena Pereira, Final Portrait, 2018 All Rights Reserved.

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